No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Blasfematório

Nas nuvens via barbas de algodão
(imagem que fazia do divino),
quando ainda um tímido menino
rogante ao Deus do pomo de Adão.

O Todo Poderoso disse não
a todos os seus viços de criança.
Assim, cresceu no vácuo da lembrança,
até ganhar o mundo da razão.

Um dia suas nuvens despencaram
como chuva (de raios e trovões)
a inundar os salmos e orações...
e todos os seus desejos acabaram.

Então, a ruminar seus palavrões,
seguiu pela cidade em romaria...
Rasgou o seu Pai Nosso, Ave Maria...
e foi rezar na cruz dos dois ladrões.

Hoje, ele blasfema nos sermões
e acompanha ateus em romaria.
 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/07/2015
Alterado em 07/03/2020
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