No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Chuva de flores

O sol, o mar, as dunas de areia...
o vento, a sibilar bela cantiga,
sacode os seios nus da rapariga
e o sangue que borbulha em minha veia.

Ao longe, o canto triste da sereia
faz a segunda voz da poesia,
enquanto o sol espalha a luz do dia
sobre meu o vil castelo de areia.

Era verão com cor de primavera,
como se o céu vestisse fantasia.
E lá estava eu, em sintonia
a esculpir moradas de quimera.

Por um momento o vento aquiesceu,
e o sol se recolheu por trás do mar.
Não mais ouvi sereias a cantar...
quedamos, frente a frente, tu e eu.

Vi dos teus olhos lágrimas parelhas,
quais gotas de orvalho em profusão.
E como por milagre de verão,
choveram flores brancas e vermelhas.

Tentei, como eu tentei, em vão, colhê-las,
mas não peguei sequer um só botão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 26/08/2015
Alterado em 19/02/2021
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