No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Paixão crucificada

Fosse parido numa manjedoura.
Ouvisse a mãe mugir a castidade.
Quiçá pecasse mesmo, de verdade,
no seio de paixões devastadoras:

paixões morenas, brancas, negras, louras...
que me morderam, pela vida afora,
com a boca faminta que devora
a carne das paixões inda vindouras.

Fosse eu um rebento de Maria,
ungido pelo sêmen de José,
quiçá pusesse à prova a minha fé
nos dotes divinais da poesia.

E antes de chegar o fim do dia,
quiçá roubasse enfim, da velha cena,
o beijo que negou a Madalena
e naufragou no pranto de Maria.

 

A história desse amor, oh! quem diria,

o fel do precoceito envenena.

 

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 28/08/2015
Alterado em 19/03/2022
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras