No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Nuances da solidão

O meu passado andava pela areia
a derramar suor no colarinho.
E o sol tirava as sombras do caminho
enquanto o vento uivava volta e meia.

Do mar se ouvia o canto das sereias
como um convite etéreo pro amor.
E o sol supino, em transe de calor,
fazia incendiar as minhas veias.

Do vento, espirais redemoinhos
rodavam cintilantes grãos areia.
E a dor, a convidar-me para a ceia,
fez a saudade cúmplice do vinho.

Enquanto o céu olhava o sol se pôr,
meu coração se pôs devagarinho...
E sol queimou o pouco de carinho,
que a vida me deixara de penhor.

Tivesse a solidão alguma cor,
seria, certamente, azul-marinho.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/08/2015
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