No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

zooética

Trançando as pernas segue, embriagado,
a tropeçar nas patas do seu cão.
Blasfema, balbucia, beija o chão...
até pegar no sono, estatelado.

O cão guarda de cor cada pecado,
que o vício impingiu ao companheiro.
E sente o ar da morte pelo cheiro
do sangue e do vermute derramado.

E solta um aulido amargurado,
e lambe, sem pudor, a mão ferida,
e cheira o corpo inerte atrás de vida,
e deita o sofrimento ao seu lado.

Orelhas murchas, rabo abaixado,
patas fletidas sob próprio corpo.
Qual deles realmente estava morto,
eu tenho, a vida inteira, perguntado.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/09/2015
Alterado em 07/09/2015
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras