No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Minha mais tola metáfora

Um pomposo colar de esmeraldas

 lhe abraçava o pescoço displicente.

Nenhum olhar ficava indiferente 

ao brilho de tais contas peroladas.

 

A bela dama, ar de inocente, 

olhar errante (súdito do riso) 

dava sinais fugazes, imprecisos...

qual fosse o sibilar duma serpente.

 

O colo insinuante era um aviso. 

Um convite silente e indiscreto. 

Aquele olhar que fez ficar ereto 

o pomo de Adão no paraíso.

 

E eu, o novo Adão de hoje em dia, 

a cobiçar maçãs de silicone, 

peguei, discretamente, o telefone 

como que examinasse a bateria.

 

Então ela se foi pra junto ao mar, 

pôs o belo colar por sobre a areia

e tão inquieta, quanto a maré cheia, 

despiu-se sob a benção do luar.

 

E eu, um Don Juan de lua cheia, 

a cobiçar quadril lipoaspirado,

Grasni alguns acordes de pecado 

pra confundir o canto sereia.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/10/2015
Alterado em 28/09/2022
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras