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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Exéquias de um ateu


Cético. Foi um ateu de nascimento!
Nunca rezou pra Deus, o Criador.
Nunca falou em nome do Senhor
e nunca obedeceu um mandamento.

Quando morrer, no seu falecimento,
a morte, a mais ilustre convidada,
vai desfilar com ele na calçada,
vestindo o derradeiro lançamento.

E vai zoar dos padres, dos rabinos...
e da eclesial hierarquia.
E degustar a vil asfixia,
que a morte põe à mesa do divino.

E ao ver seu corpo ateu se consumindo,
resta-lhe acreditar que faleceu
e finalmente entregar a Deus
a carta endereçada ao seu destino.

E ao ouvir, enfim, soar o sino,
rezar o padre nosso dos ateus.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/10/2015
Alterado em 11/10/2015
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