No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Pedro pedreiro

Era pedreiro, fora demitido.
Vagava, cabisbaixo, o seu destino.
Em casa, uma mulher e um menino
faziam sua vida ter sentido.

No bolso, um pão francês amanhecido,
cabelos salpicados de cimento,
um filho a chafurdar-lhe o pensamento,
posto que não devia ter nascido.

Era um sujeito crente, um bom cristão.
Tinha por Deus do céu e o seu patrão
o reconhecimento mais profundo.

Hoje virou manchete de jornal
tratado como fosse um marginal,
a ampliar o rol de "vagabundos".

Nem carolina, com seus olhos fundos,
consegue ver o trem e o funeral.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 12/10/2015
Alterado em 04/06/2019
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