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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Rapsódia de natal

Quantas e quantas noites, acordado,
teci as barbas brancas de Noel!
Olhar atento, posto para o céu,
à espera do trenó anunciado!

De cada estrela vinha algum recado,
que atravessava o vidro da janela,
pra derreter, à luz da luz da vela,
o sonho que dormia acordado.

Quantas e quantas luas de dezembro
eu quis ouvir o riso estilizado
e o tilintar dos sinos badalados;
sinceramente, quantas, não me lembro!

Hoje, à noitinha, eu vou dormir mais cedo!
Não vou sequer abrir minha janela!
Se por acaso alguém soprar a vela,
que vela a minha alma em segredo:

Acordem minha alma de brinquedo,
que a poesia vem ao lado dela.
Quando a vela apagar, não tenham medo,
que a lua há de nascer inda mais bela.

Então eu vou abrir minha janela
e mundo inteiro vai dormir mais cedo.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/11/2015
Alterado em 24/12/2019
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