No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

A muda muda

Qual folha de outono foi-se a pena
e logo outras penas já se vão...
O passarinho mudo bica o pão...
e o mundo da gaiola se apequena.

O poeta, com asas, sente pena
e põe-se a rabiscar um verso em vão...
enquanto o passarinho cisca o chão
a procurar o canto a duras penas.

De fora da gaiola, a liberdade
sabe que o passarinho, cedo ou tarde,
terá de volta as penas e o canto.

De dentro da gaiola, a poesia
anima o passarinho, todavia,
cisca um verso qualquer, em qualquer canto.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/02/2016
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