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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Gramatiquice surreal

Poetas são servidos a la carte,
quais sopas de letrinhas, no parnaso.
Quer seja em prato fundo, em prato raso,
por amor ao dinheiro, ou pela arte.

Seja um poeta inteiro ou uma parte.
Seja escolhido a dedo ou ao acaso:
um botão que floriu fora o vaso
ou um Napoleão sem Bonaparte.

Poetas são humanos de passagem,
no fim ou no início da viagem,
entre o primeiro verso e os demais.

São verbos transitivos indiretos;
pronomes pessoais do caso reto
atrás de complementos nominais.

Poetas são humanos surreais:
pedaços abstratos do concreto.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/07/2016
Alterado em 22/01/2021
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