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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

SANTA CLAU$

À sombra dos Noés estilizados,
que grassam nas vitrines do Natal,
há algo que azeda e cheira mal,
e goza das benesses do mercado.

Algo que não quedou crucificado,
que resistiu à forca e à traição,
que veio a ser, mais tarde, o falso pão
que Judas nos deixou como legado.

Por trás das luminárias do Natal,
a hipocrisia ri na escuridão,
e bebe do vinagre, e amassa o pão
que nutre os sanguessugas da moral.

Algo que alimenta o capital
com os juros da fé e do consumo.
Algo que faz a cruz mudar de prumo,
pra não crucificar o carnaval.

Eu tenho impressão de que o Natal
há muito que seguiu um novo rumo.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 21/12/2017
Alterado em 08/12/2019
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