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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

"Os extremos se atraem"

À direita de Cristo, um ladrão
cortejava, na cruz, a morte em vida.
Seus pecados purgavam na ferida
e sangravam em forma de oração.

À esquerda de Cristo, outro ladrão
cortejava a morte em sua cruz.
Seus pecados também vertiam pus
nas batidas finais do coração.

À esquerda um ladrão, outro à direita,
e, em volta dos dois, a morte espreita
à espera das ordens do perdão.

O ladrão da esquerda e o da direita,
hoje juntos, se irmanam numa seita,
que reúne ladrões em comunhão.

Quando um desonesto dá a mão,
um outro desonesto logo aceita.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 17/03/2018
Alterado em 24/09/2020
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