No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

O turkin reinventado (cordel de homenagem)

Antes do Cristo nascer,
pouco mais de três milanos,
nem tinha paraibano
pra cearence “morder”...
Começou a florescer
um povo, dito, sem vícios,
que veio a ser os Fenícios
nascidos dos Cananeus:
Magote filho de Deus,
tiveram vida difícil!

Este povo deu início,
como reza na história,
uma luta meritória
e de muito sacrifício,
pra dá conta do ofício
de construir sua nação:
Sofreram a escravidão,
domínio grego e romano,
de francês e otomano
de César a Napoleão.

Apesar da humilhação
de um povo dominado,
seu douto professorado,
homens de grande instrução,
criaram a concepção
do código justiniano,
que depois de muitos anos
de aperfeiçoamento,
assentou os fudamentos
das leis do povo romano.

Deste céu mediterrâneo,
fronteiriço de Israel,
um famoso menestrel,
sujeito de muito crânio;
Um feliz contemporâneo
de Nabucodonosor,
para o Brasil imigrou,
se assentou em Araxá,
vivendo feito um paxá
que dona Beija, beijou.

Dizem que foi ouvidor
do rei, em todo o reinado,
que caiu, enamorado,
por Beija se apaixonou.
Com ela não se casou,
pois tinha a sua princesa.
Com a bela libanesa,
a primeira namorada,
viveu um conto de fada
de muito amor e riqueza.

De tamanha boniteza,
foram nascendo os rebentos,
que herdaram os talentos,
honestidade e nobreza,
inda de sobra, a destreza,
e um tino infernal;
Um pouco de capital
para montar o negócio.
Pai e filho foram sócios
na área comercial.

O filho: Tannús, Faiçal,
era o contabilista,
professor, malabarista,
etcetera e coisa e tal.
Cozinheiro, sem igual!
De vatapá a chucrute,
pra num falar do Beirute,
sua especialidade,
faz, com muita qualidade,
queijo mineiro e quitute.

Seu moço, ocê me escute!
Como diz o bom mineiro.
O cabra ganha dinheiro
até fazendo vermute.
Calculado, assim, no chute,
que só em ouro maciço
deixou num banco Suíço
quase uma tonelada.
Tudo em barra marcada,
que pra ninguém dá sumiço.

Cê pensa que é só isso?
Inda por cima é artista...
É um grande cordelista,
desses de veio castiço,
de dá conta do serviço
do começo até o fim.
Até mesmo Seu Ferrin,
o maior adversário,
cordelista sanguinário,
com ele, come capim,

É mesmo um espadachim
o nosso grande Faiçal,
curtido na água e sal,
pras musas é um jasmim.
Poeta tupiniquim,
vive, na sua redoma,
com tudo aquilo que ama,
inclusive o vil metal.
Mas seu maior capital
tá no coração de Roma.*

PS:*Roma é o nome da esposa do Turkin
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 03/10/2005
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