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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Quantos versos são perdidos e levados pelo vento

Desde Camões à Pessoa,
Passando aqui por Drummond...
Nas mãos de Santos Dumont
E toda essa gente boa,
Há sempre um verso que voa
Nas asas do pensamento,
Pronto pra tomar assento
Entre tantos nunca lidos.
Quantos versos são perdidos
E levados pelo vento.

Do Soneto à Redondilha,
Desde a Trova ao Cordel,
Cada um tem seu papel
E constrói a própria trilha,
Pra fugir da armadilha
E chegar ao seu intento.
Se não todos, dez por cento
Dos poemas concebidos.
Quantos versos são perdidos
E levados pelo vento.

Desde José Alencar
A Alencar Herculano,
Há sempre um parnasiano,
Feito louco, a procurar
Um verso que forme par,
mesmo sendo ciumento,
Na terra ou no firmamento
agora e nos tempos idos...
Quantos versos são perdidos
E levados pelo vento.

Desde o Terceto ao Haicai,
Desde a Setilha ao Rondel,
Há sempre algum menestrel,
Que, dalgum verso, é o pai,
E pelo mundo se vai,
Na corcunda do talento,
A cuidar do seu rebento
e outros recém-nascidos.
Quantos versos são perdidos
E levados pelo vento.

Mote: José Dantas
Glosa: Herculano Alencar
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/01/2021
Alterado em 07/01/2021
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