Ide pra cova, ide...

A mente de um cientista
se parece a de um poeta,
mas é muito mais completa,
esse é meu ponto de vista,
pois costuma dar a pista
para nova descoberta
e se mantem em alerta,
pra todo e qualquer mistério,
e sempre levando a sério
a caixa que foi aberta.

Enquanto o beócio flerta
com o mito de Pandora,
e vai pelo mundo afora,
com destinação incerta,
com uma mente deserta
e uma crença obtusa,
e os dez por cento que usa,
pra parecer ser humano,
vai, de engano a engano,
condenando a quem acusa.

E quanto mais se lambusa
no lamaçal dos bocós,
mais vai mostrando pra nós,
como dizia Cazuza,
que fez o país de musa:
"Terceiro mundo, se for
piada no exterior...
...o Brasil vai ficar rico"...
Tanta bosta no penico,
que não se tem onde pôr!

Assim é fácil supor,
que há de pegar o atalho
que um certo Olavo Carvalho,
grande falso pensador,
por conta dalgum favor,
fez aviar a receita,
da chucra extrema direita,
pro muar na cavalgada
exibir à pátria amada,
o quanto a mente estreita.

Enquanto segue a receita
pois a cabeça vazia,
nos diz a folosofia:
é oficina perfeita
para o demo e sua ceita,
travestidos de cristão,
enganar a multidão,
arrotar honestidade,
e fazer sociedade
com o mais honesto ladrão.

Pois que prestem atenção
os seus fiéis seguidores,
que hoje morrem de amores
pelo anjo guardião,
que celebra a comunhão
entre a farsa e o miticismo,
homofobia e machismo,
pensamento e intestino...
que vai ditar o destino
do povo rumo ao abismo.

Não tem nome de batismo,
quando é anuro, o girino.
Fale grosso, fale fino,
em nome de qualquer ismo,
como nazismo, facismo,
comunismo, utopias...
sejam Luiz ou Messias,
sejam milicos, civis...
dês que sejam imbecis
de quaisquer categorias,

Vão desovar suas crias
em mil cabeças vazias,
como a história nos diz.