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Corpo de poeta
Ao dissecar os tomos da anatomia e esquartejar a carne exangue do poeta, fiz-me entrar, por sua artéria mais secreta, nos pensamentos dúbios da dicotomia. Ao auscultar-lhe o coração que não batia, ainda pude ouvir-lhe um sopro de tristeza, a sussurar-me, segredar-me a incerteza de que morrera pra dar vida à poesia. Tolo poeta! Viveu mais do que devia. Viveu nos sonhos da profana fantasia, que a morte faz mudar o eterno endereço. Viveu acalentando sua eutimia, a espera da certeza de chegar o dia em que no seu jazigo ornará seu berço.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/02/2006
Alterado em 22/02/2006 Copyright © 2006. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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