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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Fabela da Raposa e a uva

Pulava a raposa, embevecida,
sob as sombras dos cachos da videira.
Passava-se a manhã quase inteira
sem um só grão de uva consumida.

A uva insinuante, oferecida...
impávida realça a beleza.
Quanto mais a raposa a deseja
com mais beleza ainda é percebida.

A tarde cai, mas nunca cai a uva.
Nem mesmo com o vento ou com chuva,
sequer um doce bago vai ao chão.

E queda-se, a raposa, indiferente,
como quem diz pro sol, já no poente:
a lua há de fazer cair um grão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 31/08/2006
Alterado em 24/04/2021
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