No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Solitário

Ah! essa solidão que me abraça

feito sombra servil e companheira,

tal como um livro posto à cabeceira,

que serve de alimento para traça.

 

Há trinta anos vem comigo e passa

por trás do meu sutil anonimato,

qual filme negativo de retrato

coberto por um pano de fumaça.

 

Algo de ti serviu-me de mordaça,

cindiu-me ao meio em plena mocidade

e hoje já não sei qual a metade

de mim, que me clareia ou me embaça.

 

Ah, Solidão! Eu bebo nesta taça

a brisa que sobrou da tempestade.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/03/2011
Alterado em 28/11/2021
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