No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Cinegrafia do ciúme

Um tango na vitrola... a noite fria...
Um vulto de mulher sobre a escada.
À mesa, uma bebida derramada
Um bêbado com fácies de orgia.

Num lenço de papel... a poesia...
Um verso que insiste em dizer nada.
À mesa, uma arma carregada
E o ódio tem a mão por companhia.

O cabaré parece não ver nada!
O tango flui, na noite esfumaçada,
Por entre os pigarros e supiros.

O sangue tinge o chão da madrugada!
O bêbado esvai-se na calçada,
e a música camufla o som dos tiros.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 31/03/2011
Alterado em 12/05/2022
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