No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Depois do expediente.

Sentado no boteco da esquina,
ao som de um cantor desafinado,
projeto o cansaço do meu fado
na luz dos olhos negros da menina

Minha paixão, silente bailarina,
ensaia o balé de fim de tarde
com passos displicentes, sem alarde,
qual solidão de fundo de piscina.

O chope, a desmanchar o colarinho,
implora à minha boca o carinho
das noites calorosas de verão.

E eu, um vil poeta vagabundo,
hesito, frente ao copo, um segundo
enquanto sigo atrás de inspiração.

E a poesia enfim carrega o mundo,
de um lado pra outro, do balcão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/04/2011
Alterado em 03/06/2021
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