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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Soneto da lugubridade (Menção à verve de Augusto dos Anjos)

Quem já beijou a boca traiçoeira
e dividiu com ela algum segredo,
sentiu, da poesia, o gosto azedo
de quem lambeu a morte a vida inteira.

A morte que sustenta a cumeeira
que cobre a derradeira moradia,
quando, de luto, chama a poesia
pra sepultar a dor mais corriqueira.

A morte, tão amiga e companheira,
com quem se sobe a última ladeira
após abduzir-se do cortejo.

A mesma que na boca do poeta,
como uma dama, sempre tão discreta,
lhe oferece a língua para o beijo.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/04/2011
Alterado em 25/06/2017
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