No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Desletrado do absurdo

Ando puto da vida co'a gramática!
Não faço um parágrafo sem erro!
O verbo errar assiste meu enterro
de braços co'a análise sintática.

Restos mortais da vil sintagmática
na cova sepulcral da língua culta,
cometo aquele erro que insulta
de forma persistente e sistemática:

Eu cuspo no sujeito da oração,
defeco crases sob o travessão
e sigo, a digerir ortografia,

a ruminar detritos de cultura
e disfarçar os erros de leitura,
pra preservar o dom da poesia.

Como um velho poeta já dizia:
a música corrige a partitura!
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/04/2011
Alterado em 27/04/2019
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