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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Debulhar o pranto

Quem me dera chorar, ai quem me dera!
Que seja uma lágrima fingida!
Chorar por qualquer coisa desta vida
para que faça jus ao que me espera.

Chorar por ver a flor na primavera;
as folhas desgarradas no verão;
os brotos que afloram pelo chão
a colorir de verde a grande esfera.

Chorar ao abraçar um velho amigo;
ao ver um lavrador ceifar o trigo
e ver o trigo, enfim, tornar-se pão.

Quem me dera chorar, inda que fosse
pra debulhar um pranto acridoce
no estio que secou meu coração.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 25/04/2011
Alterado em 26/04/2019
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