No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Estação da Seca

Nenhum botão sequer atrai o beijo
do velho beija-flor aposentado!
Em voo cego, busca, em todo lado,
as flores que mataram seu desejo.

O azul, das densas asas, desbotado
e o velho xale verde corroído
fazem menção ao fim descolorido
dos beijos que morreram no passado.

Qual velho colibri enamorado
eu sou como um soneto sussurrado
no ouvido de quem nunca ouviu

o versejar dolente de um poeta,
que deixa o beija-flor de asa aberta
sobre um botão de flor que não abriu.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/05/2011
Alterado em 07/05/2021
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