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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

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Endoscopia digestiva

Aquele olhar de quem enxerga tudo
foi penetrando nas minhas entranhas
e foi-me vendo com visões estranhas,
me desnudando com olhar sisudo.

Tangeu-me, sem nenhuma parcimônia,
para beber meu suco digestivo
como entrada, um aperitivo,
antes de começar a cerimônia.

Aquele olhar agudo, sem-vergonha,
olhou-me cada alça intestinal
do duodeno à ampola retal,
como quem vê uma coisa medonha.

Eu acordei como alguém que sonha
que teve um sonho abdominal.  


Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 13/01/2007
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