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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Espermatopoético

Morreram, afogados na privada,
os espermatozoides de um garoto.
Pobres coitados foram pro esgoto,
nadando na paixão ejaculada.

A fantasia duma namorada
serviu de principal motivação.
A morte deu-se ao golpe duma mão,
por que a outra mão tava cansada.

Morreram porque não sabiam nada
das coisas encantadas da paixão.
Sequer, sobrou um só, em um milhão:
morreram como a chuva na calçada.

A mão, do vil carrasco, calejada,
ainda hoje lembra a execução.

A culpa, certamente, é de Adão,
que deixou a serpente apaixonada.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 13/01/2007
Alterado em 06/04/2019
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