No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Desvio da história 

Aos trinta e um de março batem sinos
na nova catedral da exceção!
O verde e o amarelo dão-se as mãos
e a ordem impõe progresso aos assassinos.

Os tanques, pelas ruas, cantam hinos
e louvam a vitória sem batalhas,
enquanto a palma muda dos canalhas
saúda a concessão dos seus destinos.

Lacerdas, Ademares, Magalhães...
abanam o rabo em riste, como cães,
a rastejar aos pés de um marechal.

E a mãe gentil dos filhos deste chão,
aflita e consternada, acena a mão
em alusão a mais um funeral.

Enquanto a liberdade tenta, em vão,
cantar uma canção num festival.

 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/02/2012
Alterado em 14/03/2020
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