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Diálogo poético com Padre Antônio Thomaz
Judas
Padre Antônio Thomaz À sombra da folhagem verde-escura Do galho, preso ao mastro alevantado, Um Judas, pelo vento balouçado, Da forca pende em cômica postura. Um bando, em frente à exótica figura, Exulta, ao vê-lo em semelhante estado, E aos vozeios do povo acelerado O bimbalhar dos sinos se mistura. Eu fico, entanto, a meditar, e penso, Ante o festivo e insólito alvoroço, Que é falta de critério e de bom senso, Uma tolice rematada enfim; Tantos Judas havendo em carne e osso, Levar-se à forca um Judas de capim... ******************************************* Diálogo poético com Padre Antônio Thomaz Herculano Alencar O Judas hodierno, meu Poeta, gagueja, de batina, os missais, pra camuflar horrendos rituais que a Sé, em vil conluiu, acoberta. Tal como a luz que luz nos castiçais, -qual flâmula de honor à opulência, o novo Judas foca a consciência dos ninos, dos nubentes, dos casais... O Judas hodierno, Padre Antônio, é a versão moderna do demônio forjada nos porões das catedrais: Carrega o santo livro em uma mão, enquanto a outra cai na tentação de sórdidos desejos sexuais.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/02/2012
Alterado em 27/02/2012 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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