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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Carris da saudade

Lá vai trem, ao som de carrilhões,
a vaguear nos trilhos da infância.
Segue, a gemer as dores da distância,
enquanto o tempo embarca nos vagões.

Pois que o trem tem lá suas razões
pra carrear saudades pelos trilhos,
e pra cantar dolentes estribilhos,
e palmilhar a vida em procissões.

E vai-se o trem, partiu de Teresina,
a golfejar fumaça na neblina,
qual um cigarro aceso ao relento.

E eu, este soturno passageiro,
afogo a solidão no travesseiro
e durmo nos vagões do pensamento.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/03/2012
Alterado em 26/04/2019
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