No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Menino velho

Criança, eu pintava meus cabelos
com o pó de giz trazido da escola.
Ficavam bem mais brancos que agora,
que tento, a todo custo, enoitecê-los.

Meu Deus, ó quanto eu queria tê-los:
os churros de algodão em falsa neve!
Pedia a Deus do céu que fosse breve
e que fosse capaz de merecê-los.

E foi-se o tempo, os fios dos novelos...
e se foram as chuvas e os anos...
até cumprir, enfim, todos os planos
e merecer o branco dos cabelos.

As cãs, que ora cuido com desvelo,
são probas testemunhas dos meus anos.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 12/04/2012
Alterado em 12/10/2019
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