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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Esperança niilista
Herculano Alencar

A vida, essa incansável e longa espera,
procura pela morte, impaciente,
como quem busca a última semente,
que germinou no chão da primavera.

Aquela que engasgou a besta-fera,
quando a última ceia foi servida
e preparou a cesta mal dormida
que veio a ser o avesso do que era.

Quisera eu viver, meu Deus, quisera,
toda esta longa espera co'a esperança,
que ao morrer me torne uma lembrança,
qual soluços de dor na atmosfera.

E, assim, hei de plantar outra quimera
sob meus pesadelos de criança.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/04/2012
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