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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Passagem pelo purgatório
Herculano Alencar

A alma emasculada, a carne morta...
nada de mim sobrou, nem mesmo eu!
Ofereci-me ao diabo e a deus,
mas ambos não abriram-me a porta.

Satã, o vigarista filisteu,
mandou-me uma musa mutilada:
faltava-lhe a porta de entrada
e o falo, de tristeza, faleceu.

Jesus, o baluarte da bondade,
oferceu-me toda castidade
em nome da divina recompensa.

E, assim, este poeta que vos fala,
matou e enterrou, na mesma vala,
seus dotes e pecados de nascença.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/04/2012
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