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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Poeta à moda antiga
Herculano Alencar

Eu sou um viciado, um drogadito,
que fuma poesia nas esquinas
e soca pó de livro nas narinas
para sentir a dor do infinito.

Eu sou um viciado, admito,
que bebe do orvalho-da-aurora
e sonha, até a lua ir embora,
que o sol há de nascer bem mais bonito.

Eu sou um traficante de emoções,
que vende a arte pura de Camões
nos guetos marginais da poesia.

Eu sou um meliante em extinção:
um velho Robin Wood da paixão,
do tempo em que a paixão inda existia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/06/2012
Alterado em 23/06/2012
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