O momento da criação

Quando um poeta sente a poesia
incandescer a luz do pensamento,
percebe que é chegado o momento
que a pena vai, enfim, lamber a cria.

O cérebro ajusta a sintonia
com todos os sinais da criação:
o amor, o ódio, a flor, a solidão,
o riso, o pranto, a dor, a agonia...

A alma, solidária, desafia
o bardo a fazer a travessia
da ponte entre o real e o irreal.

Quando o poeta lambe a sua cria,
a pena beija os pés da poesia
e Deus pode lhe dar o seu aval.