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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Um fio de esperança

Eu vi, com estes olhos que são meus
e que um dia foram de um poeta,
a obra mais sublime e mais completa,
que se atribui à dádiva de Deus:

um fim de tarde, o canto de um sofreu;
o sol lambendo a terra ressequida;
um carcará em voo de descida,
com o ar de quem ainda não comeu.

Uma savana, um ninho de anu;
as flores de um senil mandacaru,
que teima em viver por mais um dia.

Eu vi, e trago insone na retina,
quando uma gota d'água cristalina
veio avisar à terra que chovia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/12/2012
Alterado em 18/09/2021
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