![]() Autópsia
Um maço de cigarro, um isqueiro, um copo derramado sobre a mesa, um livro (um romance de princesa), um cheiro de manhã no travesseiro. Um dia de domingo em janeiro, um barco a deslizar numa pintura, um corpo que se despe sem censura, um trago de cigarro, o derradeiro. Um verso a fustigar um pensamento, um bêbado dormindo ao relento, um poeta a procura de um motivo. Um versinho qualquer, de pé quebrado, a volver mil lembranças do passado pra provar a mim mesmo que estou vivo. O poeta é, da morte, um ser cativo, como o é um amante ao bem amado. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/12/2012
Alterado em 07/04/2019 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
Comentar com ![]() |