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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Herança poética de Augusto dos Anjos (da oficina poética)

Eu brindo o escarro do teu peito,
herança da mais pura heresia
que recriei na minha poesia
com tão dissimulado preconceito.

Brindo a herança a que me fiz eleito
pra decantar a torpe hipocrisia,
que só o homem —na biologia—
cultua como falta de respeito.

Brindo a tosse putri-produtiva;
o esputo oloroso que esbafora
vazando a podridão pela saliva,

cuspindo a poesia boca afora.
Que cada verso morto sobreviva
nos ecos que a tosse expectora.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/03/2007
Alterado em 09/08/2018
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