"O ofício e obrigação dos poetas não é dizerem as coisas como foram, mas pintarem-nas como haviam de ser ou como era bem que fossem."
(Padre António Vieira)

Poeta de ofício

Se queres ser poeta, meu senhor,
tens que pintar o mundo diferente:
passar o teu pincel de trás pra frente
e exigir da tinta nova cor.

Pois o poeta (este ser demente)
é parte consciente da loucura,
que expressa as nuances da pintura,
como se fossem tons de sua mente.

Se queres ser poeta, não te esqueças:
poetas não têm pés, não têm cabeças...
eles não têm sequer um coração.

Poetas são filósofos vulgares,
que vivem navegando pelos mares,
sem bússola, sem mapa e sem timão.

Poetas vivem para dizer não
aos deuses, aos diabos, e seus pares!