"Se o autor não se emociona com a sua própria criação, dificilmente pode esperar que outros o façam. Com franqueza, divirto-me com as minhas comédias mais do que o público.” (Charles Chaplin)


Conflito de interesse
Herculano Alencar

Quando o último verso silencia
e a obra finalmente se completa,
começa, nas entranhas do poeta,
a luta entre o Ego e a poesia.

O Ego reivindica a autoria,
desde o pensamento à criação,
enquanto a poesia diz que não,
que a própria criação é sua cria.

Quando o poeta vive esse dilema,
encontra, nas entranhas do poema,
um jeito de fazer reinar a paz:

Curva-se frente ao Ego reverente,
outorga à poesia a patente
e de repente a rusga se desfaz.