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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

A metáfora do ardil poético

Certa vez um poeta do Parnaso
acordou uma linda borboleta,
que dormia, no fundo da gaveta,
naquele dia, quase por acaso.

-Que fazes tu aqui oh! borboleta!
Exclamou o poeta desdenhoso.
-Não vês que atrapalhas meu repouso?
Retrucou, prontamente, a borboleta.

Pegou-a o poeta, com veemência,
e arremeçou-a rumo a janela.
A borboleta, lívida e bela,
escarneceu com falsa inocência:

-Bendito sejas tu, parnasiano!
-Bendita seja o dom da poesia,
que ao abrir a gaveta em que eu dormia
me pôs em liberdade, por engano.

A poesia nunca tem um plano,
mas dá asas ao verso, todavia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 26/03/2007
Alterado em 05/02/2021
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