No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Catequese

No ermo mais recôndito do Eu,
sob a lápide frígida do medo,
descansa o cadáver de um segredo
que ainda se duvida que nasceu.

É lá que a fé atinge o apogeu
e veste a mortalha da razão.
É lá que, sob o breu da escuridão,
a dúvida fecunda o proteu.

No ermo mais recôndito da fé,
sob os incensos lúgubres da Sé,
o Eu, amedrontado, engole a tosse.

É lá que, ao ouvir tocar o sino,
o homem se transforma em menino
e deus, incontinente, toma posse.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/07/2013
Alterado em 26/05/2021
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