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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

2° Sinfonia de Beethoven

Herculano Alencar

Agora eu sou um velho beija-flor,
(que, em vão, sobreviveu à tempestade)
a claudicar nas asas da idade
de tanto que já viu o sol se pôr.

Agora eu sou um poço de vaidade,
(de águas turvas sob um céu anil)
a balouçar no fundo de um barril
o resto que sobrou da mocidade.

Agora eu sou apenas uma nota:
um ré maior que a música adota,
pra anunciar o fim da melodia.

Agora eu finalmente não sou nada
e ainda assim eu varo a madrugada,
de tanto que já vi nascer o dia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/01/2014
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