No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Exclusão social

Elisa é pobre desde que nasceu.
Fugiu da seca, cheia de esperança,
deixou pra trás um sonho de criança,
que hoje soma a tudo que perdeu:

Perdeu o pai a mãe, já não tem trança.
Perdeu o a-bê-cê, não teve escola.
Perdeu o sabiá e a gaiola.
Perdeu a foto e o fio da lembrança.

Perdeu o viço, a vez, a juventude.
Perdeu a fé, num posto de saúde,
Perdeu a compostura, o chão, o norte...

Perdeu até o bonde da história.
Só não perdeu, enfim, a trajetória,
que o destino traçou pra sua sorte.

Elisa viveu pobre, até que a morte
deu o fim esperado à sua história.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/03/2014
Alterado em 28/04/2019
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras