No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Meu livro de cabeceira

O meu criado-mudo ficou cego,
depois que desliguei o quebra-luz!
Não lembra, ou não sabe, onde pus
o livro que me serve de alterego.

Não durmo mais, não leio, não sossego,
até troquei meu velho quebra-luz.
Rezei um dia inteiro o credo em cruz
e nada de encontrar meu alterego.

Meu Deus onde que pus meu velho "Eu",
que já não dorme mais na prateleira?
Pergunto de domingo a sexta-feira
e até hoje ninguém me respondeu.

O velho "Eu" de Augusto (hoje meu):
 a flor que mesmo murcha, ainda cheira.
 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 26/03/2014
Alterado em 10/04/2021
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