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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Amor itinerante

No matulão, o amor leva a saudade
e o lençol molhado pelo pranto.
Leva também os beijos, no entanto,
apenas os que foram de verdade.

Ou seja: muito menos da metade
dos beijos que algum dia alguém lhe deu,
antes de encontrar outro romeu
pra carregar o andor de falsidade.

É que o amor é mesmo itinerante:
um nômade nas trilhas da esperança,
atrás de portos sempre mais distantes.

A cada novo porto, novo amante.
Navega noite e dia, e não se cansa,
até não mais lembrar de quem foi antes.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/03/2014
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