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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

O beijo de Judas

Um beijo, um só beijo e nada mais,
que jaz embalsamado na memória,
selou uma versão da longa história
contada todos dias nos missais.

Um beijo que morreu e hoje jaz
na boca sequiosa do pecado,
qual um velho batom impregnado,
que se desgasta e nunca se desfaz.

Um beijo, um só beijo, quem diria
pudesse impor a grã filosofia
que grassa, mundo afora, desde então.

Um beijo, previamente anunciado,
que impôs à cruz e à forca um legado,
e chora, há dois mil anos, por perdão.

Um beijo, que não sei por que razão,
põe ódio e amor do mesmo lado.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 05/04/2014
Alterado em 16/04/2022
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