No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Impiedade

Vê este pobre diabo esfarrapado,
promíscuo, junto ao lixo da calçada.
Parece um inseto, um quase nada,
menor que o ócio que dorme ao seu lado.

Em rara lucidez diz ser amado
por sua criatura mais perfeita;
A mentira torpe com que se deita:
Carícias inquietantes do passado.

E diz que foi feliz n'algum momento,
bem antes de entregar-se ao juramento
do amor eterno e da fidelidade.

Diz que amou.. amou... e ainda ama
a companheira que aplaude o drama
de vê-lo a medigar por caridade.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 05/09/2005
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras