No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Introspecção

O sol, de barbas fulvas, lambe o céu,
com sua falsa língua colorida,
enquanto passo a limpo a minha vida
num branco guardanapo de papel.

Não fosse eu um tolo menestrel,
poeta por capricho do acaso,
e trocaria a chave do Parnaso
por um pingo de tinta e um pincel..

A primavera grita: é verão!
O sol, dileto amigo do perdão,
esboça o seu sorriso mais antigo.

E eu, por uma fresta do telhado,
vejo um botão de flor amarelado,
que tento, em vão, colher e não consigo!

A flor que, embora murcha, está comigo,
a perfumar lembranças do passado.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 17/10/2014
Alterado em 25/03/2019
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