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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

A crucificação
Incontinentes, os esfíncteres vazados
desmancharam, do homem, toda a divindade.
Nem mesmo o Criador teve a capacidade
de estancar-lhe cada fluido despejado.

Chora, a honradez de um crucificado,
nos orifícios naturais do corpo humano.
Fosse um Galileu ou fosse um Romano
e morreria, igualmente, defecado.

A morte, organicamente impiedosa,
não se dá conta nem da prece, nem da rosa.
Segue, inexoravelmente, seu destino.

O coração cansado de pedir clemência,
finda por entregar-se, em obediência,
para a derradeira lei do amor divino.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 13/09/2005
Alterado em 26/12/2016
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